A atleta Neide Dias fica impedida de participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio por não ter o passaporte renovado em tempo útil. Durante o programa “Prolongamento” da TV Zimbo, Neide Dias contou, em lágrimas, que teve de ser ela a tratar da renovação do documento em França face a inoperância da Federação Angolana de Atletismo quanto ao caso.
O comité olímpico chegou a fazer a pré-inscrição da atleta em Fevereiro, mas na altura recebeu da federação o passaporte caducado da atleta e tinha até o dia 22 de Junho para enviar o passaporte válido, coisa que só aconteceu a 29 de Junho, pois foi nesta altura que recebeu da federação.
Segundo a Rádio 5, que teve acesso a e-mails trocados entre a atleta e a Federação Angolana de Atletismo, na pessoa do seu presidente, Neide comunicou em Janeiro que o seu passaporte havia caducado e deslocou-se até o consulado angolano em França para a sua renovação. Em seguida, pediu à federação que interviesse para que o processo fosse enviado para Angola e fosse tratado com urgência. A verdade é que o passaporte voltou ao consulado apenas em Junho e fora do prazo das inscrições, daí a atleta acreditar que a federação não tratou do processo como devia e por via disso, sente-se injustiçada.
Actualmente a residir em França e a treinar no centro de alto rendimento Martigues Sport Athlétisme desde Janeiro, tendo como objectivo os Jogos Olímpicos de Tóquio, a fundista angolana alerta para que situações idênticas não voltem a ocorrer com nenhum outro atleta por falta de seriedade, como alegadamente aconteceu no seu caso.
O secretário-geral do Comité Olímpico Angolano, António Monteiro “Bambino”, explicou que o processo de selecção e inscrição dos atletas para os Jogos Olímpicos são de inteira responsabilidade das federações. Por conta desta e de outras situações similares, o antigo desportista admitiu a hipótese de interferência neste particular, para que casos do género não voltem a acontecer.
Em declarações ao Jornal de Angola, o dirigente máximo da federação de atletismo, Bernardo João, disse que quando a atleta foi indicada para representar Angola nos Jogos, o passaporte ordinário tinha apenas validade de quatro meses. A Federação em parceria com a Embaixada angolana em Paris tratou do processo de renovação do documento.
O dirigente fez saber ainda que, quando o passaporte ficou pronto, a fundista estava indisponível e foi incapaz de obter uma cópia para enviá-la ao Comité Olímpico.
E para finalizar, alegou: “Ela foi afastada, porque segundo um documento enviado pelo COA, a Organização Internacional da Universalidade alegou que preferiam ter lá o velocista dos 100 metros, o Aveny Miguel por ser mais jovem que a Neide. Temos provas documentais. Nada tem a ver com a Federação ou o COA”, afastando assim qualquer tipo de responsabilidades da federação no caso.
Angola participa nos Jogos de Tóquio com a Seleção Nacional sénior feminina de andebol, uma dupla da natação, outra da vela, um atleta de atletismo e uma judoca. A primeira parte da comitiva partiu segunda-feira para o palco do evento.