Durante esta semana e por 4 dias, começaram em Montmelò (Espanha), os testes de preparação para a época 2017 de Formula 1, uma época com regulamentos totalmente novos no que toca a aparência dos carros, tornando-os mais bem parecidos com verdadeiros carros de competição, e mais rápidos também.
A prodesporto.com acompanhou de perto os 4 dias de teste (3 dias à seco, e no último dia com pista artificialmente molhada), e apresentamos aqui uma primeira análise do que aprendemos e que pode ser indicação de como eventualmente irá começar o campeonato na Austrália em pouco menos de 3 semanas:
Carros mais rápidos
Os 4 primeiros dias de pré-época tiveram um total de 3.194 voltas, o que equivale a mais ou menos 14,900Kms percorridos.
A ideia inicial com a nova regulamentação, era de que os carros fossem muito mais rápidos que a geração anterior (muito criticado por pilotos e fanáticos, e que fez com que a Formula 1 perdesse muitos seguidores nos últimos 3 anos). Valtteri Bottas (piloto da McLaren Mercedes e actual colega de equipa do tri-campeão mundial Lewis Hamilton) que fez o melhor tempo da semana com 1m19.705s foi cerca de 5 segundos mais rápido que o tempo de 1m24.681s feito em 2015, claramente mostrando que a actual geração de carros são dos mais rápidos dos últimos 10 anos e que muitos records serão batidos durante a época que se avizinha.
Mercedes continua o carro a abater
Para os que apostaram que a ordem de vencedores iria trocar facilmente, e que a Mercedes iria perder o domínio que teve nos últimos 3 anos, sugerimos que recuperem o seu dinheiro e cancelem a aposta antes de começar a época. A Mercedes venceu nos últimos 3 anos, 51 das 59 corridas, e parece querer dar continuidade a este recorde fantástico sob a liderança de Lewis Hamilton. A esperança de muitos provavelmente será que Bottas não seja um Rosberg e que dê um bom desafio à Hamilton, mas qualquer piloto que vá de frente à Hamilton sabe desde o início que não é uma tarefa fácil.
Ferrari surpreende pela positiva
A Ferrari que no ano passado também surpreendeu nos testes, mas depois teve uma época onde nada venceu, tem falado menos desta vez, mas os resultados em pista têm sido surpreendentes. O carro parece mais bem equilibrado tanto em pneus softs como nos supersofts, e poderá ser a equipa que venha a dar nas caras logo no princípio do campeonato como o mais próximo a desafiar a Mercedes. No entanto a Ferrari deverá ultrapassar a sua incapacidade dos últimos anos, de desenvolver o carro durante a época.
McLaren aparenta ter sérios problemas com o motor Honda
Mais uma vez, o que se esperava da parceria McLaren e Honda, poderá resultar em mais um ano frustrante, especialmente para um dos melhores pilotos da grelha, Fernando Alonso, que se encontra no seu último ano de contrato. Apesar de terem tido algumas voltas mais consistentes durante os últimos 3 dias em comparação ao primeiro dia onde apenas conseguiram 29 voltas, a McLaren está a cerca de 3 segundos mais lenta que o tempo estabelecido por Bottas, e claramente via-se preocupação no seio da escuderia inglesa. A McLaren apenas conseguiu fazer 37% (-350 voltas) do número total de voltas feitas pela Mercedes, um dado bastante preocupante para uma equipa que quer voltar às vitórias.
Lance Stroll recebe o seu baptismo de fogo
Lance Stroll o segundo piloto mais jovem de todos os tempos a entrar na F1 (depois da brilhante entrada de Max Verstappen), recebeu logo o seu baptismo de fogo e provavelmente já entendeu que deverá aproveitar agora nos testes e aprender o mais rápido possível, porque senão será difícil sustentar a pressão. Depois de ter partido várias peças do seu monolugar, mais de uma vez, forçando inclusive que Filipe Massa não corresse no último dia de testes, Stroll já está a ser comparado por alguns jornalistas com o electrizante Pastor Maldonado. Será que são apenas erros de rookie e que irá definitivamente melhorar, ou podemos estar diante de um “Strolldonado” que limpa tudo e todos com uma carnificina na primeira volta ou de forma imprevisível?
Novos carros exigem mais fisicamente dos pilotos
Numa entrevista dada no final do teste durante a semana por Lewis Hamilton, o mesmo admitiu que após os testes, reparou que tinha várias manchas e hematomas onde nunca antes tivera, como resultado do esforço que os pilotos agora têm que fazer com os novos monolugares que são maiores, mais pesados e muito mais rápidos.
O campeão do Mundo Nico Rosberg que efectuou uma visita durante a semana, afirmou que os carros são mais monstruosos, o que irá fazer dos pilotos “verdadeiros gladiadores”, e que os pilotos mais fortes e melhores preparados fisicamente poderão ter vantagens, especialmente no final da corrida.
O espectáculo para os fãs poderá não ser o que estamos a espera
Com os carros demonstrando maior eficiência aerodinâmica dentro das novas regras, as ultrapassagens poderão ser ainda mais escassas comparadas com os anos anteriores, já que olhando para os carros a seguirem-se durante os testes, verificava-se que havia uma certa dificuldade nos carros de trás seguirem eficientemente o carro da frente, por ter uma turbulência maior. Caso confirmar-se isto, continuaremos sem resolver um dos problemas fundamentais da actual Formula 1, no que toca a ultrapassagens em corridas.
Com novas peças a serem introduzidas já na próxima semana para o segundo e último teste de pré-época, iremos fazer mais uma análise durante a semana e comparar com os resultados desta semana, para confirmarmos o que nos espera na Austrália no final do mês, para a abertura da época.