Durante a janela de transferências europeu do verão de 2016, Paul Pogba trocou a Juventus pelo Manchester United pela inédita quantia de 89,3 milhões de libras e tornava-se na contratação mais cara realizada por um clube inglês. No entanto, outro pormenor chamou a atenção neste negócio: a comissão do seu agente Mino Raiola foi de 41,3 milhões de libras, cerca de 46% do total da transferência.
O astronómico valor recebido pelo agente italiano voltou a colocar o tema sobre a remuneração dos empresários do futebol em destaque. Em janeiro do corrente ano, a FIFA anunciou que aprovou por unanimidade uma série de propostas de reforma relativas aos agentes do futebol com o objectivo de proteger a integridade do futebol e evitar abusos. O objectivo global aqui é melhorar a transparência, proteger o bem-estar dos jogadores, aumentar a estabilidade contratual e também elevar os padrões profissionais e éticos. Por outras palavras, para eliminar ou pelo menos reduzir as práticas abusivas e excessivas que infelizmente têm existido no futebol.
Com o aumento de intermediários no futebol, a FIFA pretende estabelecer uma licença para quem deseja exercer a profissão. Entre as exigências para conceder a autorização de trabalho estão ter seguro profissional e nunca ter sido condenado por crimes relacionados à corrupção, lavagem de dinheiro, fraude fiscal, abuso ou assédio sexual.
Todos os adeptos de futebol saberão quanto os agentes ganham em cada operação de transferência. O que recebem dos seus clientes, sejam eles jogadores ou clubes, será publicado.
A representação tripla, ou seja, os casos em que o mesmo agente FIFA representa o jogador, o clube de venda e o clube de compra, terminará. Um agente pode cobrar até um máximo de 10% do valor de uma transferência. Se representar o clube comprador, a comissão máxima será de 6%.
Em contrapartida, a comissão sobre o salário do jogador será limitada a 3%. Além disso, os membros da família do jogador já não poderão representar o jogador, a menos que sejam um agente licenciado. A FIFA intervirá também no que considera serem “conflitos de interesse”. Os gestores de clubes, bem como os próprios clubes, deixarão de poder deter acções em agências representativas. Jorge Mendes terá de rever os seus negócios com o Wolverhampton.
A última fase de consultas da FIFA aos clubes, ligas e agentes começou na quinta-feira. A entidade planeia fechar a proposta entre Março e Junho para levar à votação em seu congresso e entrar em vigor em Setembro de 2021. “É um regulamento que vai ajudar a indústria do futebol. Não é um projecto contra os agentes, mas para eles. Queremos trabalhar com eles”, defendeu Emilio García Silvero, chefe de Assuntos Jurídicos da FIFA.