O Atlético Petróleos de Luanda sagrou-se tetracampeão nacional de futebol, ao conquistar o título do Girabola 2024/2025, somando assim o seu 19º campeonato nacional. Com esta conquista, o clube tricolor consolida-se como a principal potência do futebol nacional na actualidade, sustentando uma era marcada por domínio, estabilidade e ambição.
Um título conquistado em contexto de superação
Apesar do favoritismo inicial e da liderança confortável ao longo da temporada, o caminho até à consagração não foi isento de turbulência. Um dos momentos mais marcantes da época foi a demissão do técnico português Ricardo Chéu, anunciada dois dias após a eliminação da equipa da Taça de Angola, numa altura em que restavam ainda quatro jornadas para o fim do campeonato.
O comando técnico foi assumido por Flávio Amado, antiga glória do clube, que aceitou o desafio de liderar o grupo num momento delicado. Sob sua orientação, o Petro venceu três dos quatro jogos finais – diante da Académica do Lobito, Sagrada Esperança e Carmona – e apenas cedeu uma derrota frente ao arquirrival 1º de Agosto, garantindo os pontos necessários para a revalidação do título.
Outro momento marcante foram as duas lesões graves que afectaram o plantel tricolor. O avançado Tiago Azulão, símbolo da era vitoriosa do clube, sofreu uma rotura completa do tendão rotuleano esquerdo durante a visita ao Santa Rita de Cássia, no Estádio 4 de Janeiro (Uíge). Azulão foi submetido a cirurgia no dia 17 de maio, e deverá ficar afastado dos relvados entre 8 a 10 meses, falhando muito provavelmente parte da próxima época.
Já o médio William Soares, peça importante no equilíbrio do meio-campo, foi diagnosticado com uma cardiopatia isquémica parcial, condição que exige interrupção imediata da prática desportiva. Em entrevista à Petro TV, o jogador anunciou o fim da sua carreira futebolística e revelou que ainda pretendia actuar por mais uma temporada em Angola, mas foi surpreendido pelo diagnóstico clínico que o força a abandonar a prática profissional do futebol por questões de saúde.
Esta é a quarta conquista consecutiva do Petro de Luanda no Girabola (2021, 2022, 2023 e 2025), um feito inédito na sua história recente, que confirma o clube como modelo de gestão desportiva em Angola. A receita do sucesso inclui estabilidade directiva, uma estrutura técnica sólida, investimentos consistentes na formação e uma identidade táctica bem definida, construída ao longo de várias épocas.
Futuro de Flávio Amado ainda em aberto
Apesar do sucesso na reta final, a continuidade de Flávio Amado como treinador principal permanece uma incógnita. O ex-avançado assumiu o comando de forma interina, e até ao momento, não foi confirmada pela direcção a sua permanência no cargo para a próxima temporada. A sua liderança foi elogiada por adeptos e dirigentes, mas resta saber se a direcção optará por oficializar o ídolo como técnico principal ou se recorrerá a um nome com maior experiência internacional, especialmente tendo em vista os desafios da Liga dos Campeões.
Conclusão: título merecido e desafios em aberto
A conquista do Girabola 2024/2025 pelo Petro de Luanda representa a continuidade de um ciclo vencedor, sustentado por uma estrutura competitiva e um plantel com qualidade. A equipa demonstrou capacidade de adaptação em momentos-chave da temporada e conseguiu alcançar o principal objetivo interno, mesmo perante mudanças no comando técnico e lesões de jogadores influentes.
No entanto, a nova época apresenta interrogações importantes: será necessário perceber como o clube irá reestruturar zonas-chave do campo, com potenciais saídas e lesões a exigirem reforços pontuais. Além disso, a definição da equipa técnica para 2025/2026 será decisiva, sobretudo tendo em conta a ambição de melhorar o desempenho nas competições africanas.
O Petro fecha a temporada como campeão nacional, mas o planeamento estratégico das próximas semanas será determinante para sustentar — ou redefinir — o rumo do projeto desportivo.
