Neste final de semana inicia-se um novo ciclo na selecção nacional de futebol, temos uma nova federação e um novo seleccionador nacional, a expectativa é de melhoria, gradual, mas notável. O fraco rendimento da nossa selecção de futebol, tem gerado descontentamento e desinteresse por parte do público, por isso, Artur de Almeida e Silva (Presidente da FAF) e Beto Bianchi (seleccionador nacional), têm agora a espinhosa tarefa de resgatar a mística da nossa selecção e o interesse do público… Sem pressão, é claro!
Mas porquê o presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF) também quando supostamente o foco devia ser apenas o seleccionador nacional? Quem dera que o problema da nossa selecção fosse apenas dentro das 4 linhas, seria um mal menor… Há inúmeros relatos de falta de organização da parte da FAF, que de uma forma ou de outra, acaba por influenciar a convocatória e até o desempenho dos jogadores. É tarefa do novo presidente alterar este quadro, mudar a péssima imagem que a FAF tem perante o povo angolano.
A solução para a selecção nacional passa por uma aposta nas camadas de base. Temos vários exemplos de selecções que apostaram na formação e hoje estão colher os frutos, casos como o da Bélgica, Alemanha ou até o Gana, ou mesmo a Nigéria, que está a passar por este processo neste momento. “Falar do futebol de base é fundamentalmente falar do futebol de amanhã“, diria o treinador português, Carlos Queiroz. Nada mais verdadeiro. O problema é que, tendo em conta os objectivos da FAF, Angola precisa de resultados “hoje”.
Se quisermos resultados imediatos, para mitigar o problema da nossa selecção, devemos elevar o nível competitivo e a qualidade dos jogadores que a representam. Devíamos manter uma base de jogadores que actuam no Girabola sim, mas melhorar alguns sectores com jogadores angolanos que actuam na Europa. Existem na Europa jogadores que podem elevar o nível competitivo da nossa selecção e estariam dispostos a representa-la.
A convocatória de Beto Bianchi abrangiu maioritariamente jogadores que actuam no Girabola e isso causou algum descontentamento por parte do público. Na verdade, sendo uma primeira convocatória, acredita-se que o “mister” não quis fazer uma alteração brusca e também vai preferir avaliar ele mesmo a qualidade dos jogadores que tem à sua disposição e tirar as suas próprias conclusões. Nada nos lembra de alguma vez ter existido unanimidade na escolha dos jogadores para uma selecção nacional, sempre houve contestações, mas na maior parte das vezes deve-se ao facto de o nível ser tão alto que o seleccionador não sabe qual dos craques levar. Queria o Beto Bianchi ter a dor de cabeça do Roberto Martinez, que não sabe se escolhe o Lukaku, Benteke, Origi ou o Batshuayi para o ataque da selecção belga, por exemplo. Em Angola, apesar de já ter melhorado um pouco, o nível competitivo ainda é baixo, ou pelo menos, ainda está muito longe do recomendável, logo, é possível sim elevar a fasquia.
Há já algum tempo que algumas entidades (individuais e colectivas) têm feito um trabalho de prospecção na Europa, para identificar jogadores que possam representar a nossa selecção. Muitos deles jogaram pelas camadas de base de selecções europeias mas não conseguiram dar o salto para as selecções principais, como são os casos de Igor Vetokele, Evandro Brandão ou Jordi Hiwula. Outros ainda podem dar esse salto, como são os casos de Tonny Vilhena, Hélder Costa ou Kadú e é necessário agir rápido para que não tenhamos mais casos como os de Blaise Matuidi ou William Carvalho.
Abaixo uma lista com alguns destes jogadores e dados interessantes da época 2016/2017:
Os casos mais alarmantes são os de Tonny Vilhena e Hélder Costa.
Tonny Vilhena tem feito uma excelente época pelo Feyenord, equipa da primeira divisão holandesa, foi titular em quase todos os jogos e um dos 4 golos que marcou esta época foi na Liga Europa contra o Manchester United. Jogou pelas selecções sub-17, sub-19 e sub-21 e já foi testado em dois amigáveis da selecção principal da Holanda. Tonny é médio centro mas também pode jogar como médio ofensivo e pode ser o camisola 10 que sempre nos faltou.
Hélder Costa fez a sua base no Benfica, foi emprestado em equipas como o Mónaco e o Deportivo para ganhar experiência e no início desta época transferiu-se em definitivo para o Wolves (League One, Inglaterra). Passou por todas as camadas jovens da selecção portuguesa, faltando apenas o salto para a selecção principal. Os 11 golos e 11 assistências conseguidos até agora, associado ao facto de ser cliente de Jorge Mendes (Gestifute) podem muito bem facilitar a sua estreia na selecção principal portuguesa.
Se houver vontade, organização e seriedade por parte do órgão que rege o nosso futebol, ainda podemos resgatar alguns destes jogadores para a nossa selecção. Cabe também ao seleccionador nacional analisar e decidir se lhe interessa trabalhar com estes jogadores, muitos deles seriam uma mais valia para a nossa selecção. Alguns deles inclusive já representaram os Palancas Negras, teriam muito gosto em regressar.
O facto do seleccionador apostar em Ricardo Batista, embora não tenha sido convocado por questões burocráticas, é um indício positivo de que talvez as coisas possam caminhar por esta via. Afinal sempre podemos esperar por mudanças na selecção, certo Coach?
7 Comments
Yoda
Muito bom texto…bem haja Pro Desporto
Roberto Bianchi
Todos estes jogadores falados na reportagem foram contactados, mas neste momento nenhum deles podem vir. Existem outros fatores pessoais que ainda os impedem. Mas vamos seguir tentando com eles e muitos outros que também já contactamos.
Júnior Silva
Coach Bianchi, estamos juntos!
Avelino Kiala
Bom saber coach, vamos aguardar as próximas convocatórias e ver a disponibilidade deles.
Ivan Chicapa
Coach Beto Bianchi, fico feliz por saber que tem Trabalhado para que esses jogadores representem a nossa selecção. Espero que continue assim e que, de facto, nas próximas convocatórias, Menga, Vetokele, Kussunga, Clinton Mata, Djalma, Hugo Firmino, Pana, Estrela e outros que já jogaram pela nossa selecção, mereçam a confiança do Coach!
Zaza Rodrigues
Estamos juntos para a alegria do povo angolano.
Júnior Silva
Bom texto, PRODESPORTO
O principal obstáculo do nosso futebol é a falta de organização que ficou bastante evidenciada durante antiga liderança da FAF.