A Evolução do Ponta-de-Lança no Futebol Moderno: Uma análise empírica, subsidiada pelo nosso olhómetro e do “ouvi dizer” (parte 2 de 3)…

A Evolução do Ponta-de-Lança no Futebol Moderno: Uma análise empírica, subsidiada pelo nosso olhómetro e do “ouvi dizer” (parte 2 de 3)…

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Se chegou até este artigo, recomenda-se que leia a Parte 1: A Evolução do Ponta-de-Lança no Futebol Moderno: Uma análise empírica, subsidiada pelo nosso olhómetro e do “ouvi dizer” (parte 1 de 3)

A Transição para o Futebol Moderno: Desenvolvimento

Créditos: Canal rom7ooo (Youtube)

Com a introdução de formações (componente dinâmica do sistema de jogo) mais fluídas e a popularização do “tiki-taka” ou do jogo posicional, as exigências sobre os atacantes mudaram drasticamente. No futebol actual, espera-se que os avançados sejam versáteis e capazes de participar activamente na construção do jogo. Esta mudança é particularmente evidente em equipas treinadas por técnicos que valorizam a movimentação constante e uma maior expansão do jogo (posse de bola e posicionamento por toda a extensão do terreno de jogo). Os pontas-de-lança modernos precisam de ter habilidades variadas: drible, passe curto, capacidade de recuar para ir buscar a bola e inclusive envolver-se em estratégias defensivas. Esta nova abordagem levou-nos a um período em que surgiram avançados como Luis Suárez, Roberto Firmino e Karim Benzema, que são exemplos perfeitos desta “nova vaga” de avançados que não marcam apenas golos; criam jogadas e são fundamentais na construção ofensiva.

Entretanto, muitas vezes questiono-me se “não será possível exigir-se a participação do ‘ponta’ na construção, sem lhe retirarmos a sua liberdade criativa e disponibilidade para o jogo, de tal modo que esteja fisicamente disponível para fazer o que mais se lhe exige (fazer o golo)?”—a resposta estará certamente em construção e adaptação permanente, embora se perceba que o atleta no alto rendimento é, essencialmente, um produto acabado daquilo que recebeu na sua base de formação (incluindo o futebol de rua que, para nós, continua a ser uma realidade de enorme utilidade no futebol moderno (mas não é este o tema da nossa conversa)).

Além disso e como uma nota à parte, é crucial considerar como os avanços na tecnologia e na análise de dados impactaram esta transição. A utilização de análises estatísticas ou de indicadores visuais (olhómetro) permite aos treinadores identificar padrões de comportamento dos jogadores adversários e ajustar as suas táticas (comportamento da equipa em função de um acumulado de situações que ocorrem em tempo real). Isto não só melhora o desempenho individual dos atletas como também eleva o nível colectivo das equipas.

No entanto, esta crescente dependência da tecnologia também levanta questões sobre a intuição e a criatividade dos jogadores em campo. Será que estamos a formar máquinas de desempenho ou ainda estamos a cultivar artistas de futebol? A resposta pode estar numa combinação equilibrada entre ciência e arte. O desafio é encontrar um modelo que permita aos avançados manterem a sua essência enquanto se adaptam às novas exigências do jogo moderno. O que deverão as escolas de futebol ensinar aos futuros homens-golo?

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