Kenedh Alegria, a mente por trás do projecto Brilhantes de Viana

Kenedh Alegria, a mente por trás do projecto Brilhantes de Viana

- EmFutebol
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Kenedh Alegria é o vice-presidente do clube Brilhantes de Viana, reconhecido nas lides do nosso futebol como o dirigente desportivo mais jovem e com mais títulos fruto do trabalho desenvolvido neste clube onde começou como director do património mas que sempre esteve muito ligado a área de futebol do mesmo. Finalista do curso de Contabilidade e Gestão na Universidade Lusíadas de Angola, o mesmo passou a nutrir uma paixão repentina pelo desporto em particular pelo futebol e desde então foi convidado a abraçar este projecto, tendo como referências e principais estimuladores dirigentes desportivos nacionais como os casos de Tomás Faria (Presidente do Atlético Petróleos de Luanda) e Adão Costa (Presidente do clube Real Sambila).

Conhecido como um jovem sonhador e trabalhador e com muito por aprender o mesmo diz que sempre quis ser um homem de sucesso mas fazendo algo pelo seu país (dando contributo em algum ramo). “Considero-me um profissional por isso sonho em dar alguns saltos a nível do dirigismo desportivo”, afirmou Kenedh.

Pró Desporto: Como começou o projecto Brilhantes de Viana? 

Kennedh Alegria: O projecto Brilhantes de Viana começou com um conjunto de crianças encontradas pelo actual presidente de direcção Domingos Abel, equipa esta que competia no municipal de Viana, que a posterior o mesmo decidiu partilhar a sua iniciativa com o actual presidente da mesa do clube, o senhor Augusto Alegria. A seguir, o Mister Agostinho Jamba foi convidado a fazer parte do projecto, o mesmo mostrou aos mentores do projecto que tinha mais ambições e onde queria chegar, ambições essas que eram o de exigir mais trabalho para dar mais visibilidade ao projecto e quiçá voos mais altos. Após algum tempo de competição e trabalho, a equipa efectuou um jogo contra o Clube Rodoviário, saindo-se vencedora, resultado este que era frequente. No final deste jogo, o presidente da equipa adversária, maravilhado com o que viu, aconselhou-nos a inscrevermo-nos no campeonato provincial da categoria de iniciantes. Após a inscrição a direcção e a equipa técnica do clube definiram um projecto de 4 anos à contar da época 2010/2011, no primeiro ano da mesma categoria, o clube conseguiu nada mais nada menos que o 2º lugar do campeonato, transitando a mesma equipa para a categoria de juvenis. No segundo ano disputamos um campeonato provincial composto por 2 séries, estávamos enquadrados na série B. Depois de alguns jogos disputados, acabamos por sermos os vencedores desta série, seguindo o modelo da competição, os vencedores de cada série tinham de jogar uma finalíssima entre si para se encontrar o campeão. O nosso adversário (Kabuscorp) acabou por vencer, mas contudo apuramo-nos para uma competição nacional, onde acabaríamos por sagrarmos campeões. No ano a seguir, num outro modelo de competição em que disputavam todos contra todos, vencemos a competição e que apuramo-nos outra vez para o campeonato nacional, em que obtivemos o 2º lugar, terminando assim um ciclo com a categoria de juvenis e transitando a equipa para a categoria e juniores. No ano de estreia na categoria de juniores obtivemos o 5º lugar, já no segundo ano terminamos o campeonato provincial na 4ª posição com os mesmos pontos que o 3º classificado, dando-nos a possibilidade de disputar o campeonato nacional de juniores. Desta forma, terminados o 2º ciclo e o projecto de 4 anos feito com a mesma equipa de iniciados com que começamos o projecto.

PD: Até agora quais são os maiores feitos do clube? 

KA: É com enorme orgulho, que respondo a essa questão, sendo os Brilhantes de Viana um clube de menor expressão no futebol angolano, mas com algum destaque na formação, e que em 2 anos particulares desde que existimos, tivemos tamanha relevância no escalão de juvenis, que atingimos um palmarés que a princípio não havia sido planeado, mas que não pode ser dito que não foi merecido. Refiro-me ao primeiro ano em que competimos na categoria juvenis, em que fomos vice-campeões provinciais, posição esta que permitiu-nos participar no campeonato nacional na qual sagramo-nos campeões e que no ano a seguir, com o mesmo grupo de trabalho, sagramo-nos campeões provinciais apurando-nos novamente para o campeonato nacional, onde fomos finalistas vencidos obtendo assim o 2º lugar.

PD: Qual é o processo para encontrar e desenvolver jovens talentos no futebol? 

KA: Numa opinião íntima e enquadrada na nossa realidade desportiva, podemos encontrar e desenvolver jovens talentos quando conseguimos notar numa criança ou jovem, movimentos técnicos e tácticos de uma forma empírica ou lúdica, como ele irá fazer, por exemplo, a sua movimentação na posição em que estiver dentro do campo, o seu remate, o seu passe, e outros pormenores por si demonstrados, a partir dessas indicações deve-se fazer à seguir um trabalho orientado por um profissional, neste caso um treinador, mostrando-lhe como se posicionar, como rematar, e como passar. Este é o primeiro passo, à seguir devemos colocar ou melhorar os aspectos sociais do mesmo. Este processo é o adequado para um atleta com um dom nato, digo isto porque ainda encontramos um atleta trabalhado, este é aquele que desde o seu primeiro contacto foi orientado por um profissional.

PD: O que poderia ser melhorado para potencializar o futebol jovem em Angola?

KA: Na minha modesta opinião, obteríamos mudanças significativas se melhorássemos os seguintes aspectos: 1º formação dos quadros, para que efectivamente consigam dar a devida orientação aos jovens talentos. 2º Retirar as competições e treinos da formação do pelado para que se possa fazer um melhor trabalho técnico-táctico do atleta. 3º Acompanhamento dos atletas, quando refiro-me ao acompanhamento do atleta, é com o intuito de criar centros para acolher o atleta e assim o formar como homem e depois como jogador. Olho para estes aspectos, porque depois de feito esse processo conseguimos incutir nele o verdadeiro conceito de futebol.

PD: Na sua óptica, quais são os clubes com os melhores projectos? 

KA: Vejo os projectos dos colossos do nosso futebol, neste caso, Petro e 1º D’Agosto como sendo ainda os melhores, à seguir a Academia de Futebol de Angola (AFA), com um crescimento notável . Mas gostaria de citar ainda os casos dos Brilhantes de Viana e Real Sambila que nesses últimos 5 anos também têm desenvolvido um bom trabalho, que consequentemente geraram frutos que hoje já competem ao mais alto nível (Girabola, seleções sub-17 e sub-20, no caso do Real Sambila a selecção principal).

PD: O que acha da polémica da ‘’redução das idades’’ dos atletas? 

KA: A 5 ou 6 anos atrás, era a maior doença no nosso futebol, arrisco-me a dizer talvez no futebol africano no geral. Doença esta originada pela falta de oportunidade aos jovens jogadores, em outros casos encarada como a solução pelos mesmos pertencerem à uma profissão com carreira curta e consequentemente recorriam a essas práticas. Hoje, no nosso caso em função da situação financeira e económica vivida obrigou os clubes a apostarem nas suas formações, e devemos salientar que a mesma decisão já tem obtido bons resultados. Neste período analisado, se já estivemos nos 90%, hoje posso assim dizer que reduzimos para 30%.

PD: Quais são para si os jogadores com grande potencial em Angola para brilhar nos próximos 5 anos? 

KA: Cientificamente é possível fornecer esses dados, porque dentro da nossa realidade existem várias promessas, como são os casos do Vladmir (Vá) – avançado do Progresso do Sambizanga; Herenilson – médio defensivo do Petro de Luanda; Calebe – extremo do Inter de Luanda (categoria Júnior); Fernando Duarte “Loy III” – médio do 1º D’Agosto (categoria juvenis); Chico Banza – avançado do Real Sambila (categoria Júnior); Dinho e Mano Mano – ambos avançados dos Brilhantes de Viana (categoria Júnior). Estes são alguns casos da minha previsão para responder a vossa questão, mas dentro da conjuntura não temos essa garantia porque os mesmos, não têm um acompanhamento adequado. Digo-vos isto porque, para termos um trabalho coeso, os aspectos sociais têm que estar presente nos jogadores, precisamos saber que condições de treinos têm os mesmos, que condições eles têm antes do treino, que condições após o treino, falo propriamente se comeu, o que comeu, quantas horas de treino teve, quantas horas de descanso terá, qual é o ambiente familiar em que o mesmo se encontra, entre outros aspectos.

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